domingo, 29 de novembro de 2009

Garrafa de sonhos





Garrafa de sonhos

Minha garrafa de esperanças
está estourando a rolha
logo, logo derramará
suas essências
e esparramará seus versos quentes
por toda minha aldeia...

Gladis Deble

sábado, 11 de julho de 2009

Poetar



A vida do poeta transita por avenidas de versos
túneis de enigmas a desvendar o estigma
na busca incessante da melhor rima.
Ela faz curvas fechadas, desvios.
Desenha o trajeto perfeito.
Cruza a ponte estendida entre o pensar e o fazer.
Reinventa emoções,traduz a linguagem do seu desejar.
Colcando a verdade em xeque,
para dizer o que quer sacrifica a métrica
procurando saída para o seu poetar...
Báh, é tão bom versejar!


Gladis Deble

terça-feira, 7 de julho de 2009

Indriso


A mulher apaixonada não pisa no chão
anda pairando no ar
feito colorida borboleta a passear

Olha o horizonte, como quem sabe onde vai
conhece o rumo das gaivotas.
Retira as pedras do caminho para seu homem passar

A mulher apaixonada tem fases incoerentes

Finge saber de tudo mas cala algo que sente.

Gladis Deble

Euzinha



Eu rastejando
já fui

pálida lagarta.
Eka !

Haja paciência para virar crisálida.
Êta !

Um dia saio voando
e viro borboleta !

Gladis Deble


quinta-feira, 4 de junho de 2009

Tédio






Saudade cristalizada
às vezes tudo é um tédio
procuro achar o meu rumo
ligeira, apreço o passo
para não perder a viagem
e conquistar o espaço...
Sem encontrar o remédio
vou desenhando na vida
a resenha colorida
dessa terra de passagem.

Gladis Deble

segunda-feira, 1 de junho de 2009

O frio





Nestas paragens ao sul
o poncho de geada já cobre tudo de branco
O ar gélido lembra-nos o enfraquecimento do sol
a noite mais longa do ano se avizinha
nesta ocasião fazer vigilia é tradicional
cuidemos que o sul surgirá novamente...
tu acende o fogo na larteira
eu colho as ervas para o ritual !

Gladis Deble

sábado, 30 de maio de 2009

Atávicas lembranças

Atávicas lembranças

Seguindo a curva do rio
avistei seus verdejantes contornos
Tateando as pedras roladas
dessa margem, pressinto suas formas

Desviando meu passo de um
caminho de formigas com grande carga
de folhas, registrei...

Constatando a argila colorida desse solo
vi jarros, potes, talhas, filtros
atávicas lembranças revirei...!

Gladis Deble



Quando


Quando

Quando chove...
encharco
fertilizo
filtro
versejo...

Quando faz sol...
cresço
apareço
exalo
floresço...

Gladis Deble



navegante solitária

Navegante solitária

Eu, espírito antigo
navegante solitária
carrego ventos comigo
elevo velas infladas

Eu corsário, velejando
procuro terras distantes
busco povos de além mares

O mar por dentro dos olhos
marejados de saudade
do clã amado, perdido...

Recrio a rosa dos ventos
estudo mapas confusos
cartografia sem legenda
Estudo a localização.

Percorro a rota das lendas
viajo no imaginário...
exploro o céu toda noite
O elo dessa corrente
ficou no outro hemisfério.

Gladis Deble



quinta-feira, 28 de maio de 2009