segunda-feira, 25 de junho de 2012

DUBLÊS




DUBLÊS

Meigo é o tom de romance
a dominar nossa prosa,
é promessa de encontro,
tecida ao sopro do vento.
Embalados sem a rede,
nossos corpos de dublês.
Saltam juntos dos abismos
num terno sonho a antever.
A pressa anda comigo
pois eu preciso te ver.

Gladis Deble

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Nossa Infância



Nossa Infância

Olhar pousado no mar
Vemos pássaros brincar.
Sons de conchas, flauta doce,
desenho barcos partir.

Nossa infância é uma vela
que o vento vai carregar...

Gladis Deble

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No Sereno




No Sereno

Acolhe-nos agora
na aragem da manhã
estas pétalas rubras...
E meus olhos procuram
pelos teus peregrinos
a pulsar pela bruma...

Gladis Deble


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A Roda das Estações




A Roda das Estações

Um caminho de folhagens
para compor os silêncios.
Na dança meiga dos ventos
Vermelhos tem primazia
o amarelo transitório
não lembra que já foi verde.
O verão caiu de maduro
da roda das estações,
prepara novas nuances
à poética do outono...

Assopra folhas sem fim
Vida que arde em delírios
a correr atrás de mim ,,,

Gladis Deble


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terça-feira, 12 de junho de 2012

Pluma



(Fin_del_verano_by_ELENADUDINA)



Pluma

A cabeleira dos galhos
enredara-se no outono...
Se fosse mais razoável
sua oferenda de pomos

O cheiro bom do verão
penetrou todas as frestas
mas eu levo para o futuro
é esta pluma de ilusão ...

Gladis Deble

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O beijo


O beijo

Como explosão de pipoca
Ou estrondo de trovão,
O relâmpago faz riscos
e enche o céu de clarão.
Assim é o clima do beijo
num ataque de emoção.
Depois retorna ao normal
Põe na lenta a vibração
É como desenho de nuvem
desmanchado na amplidão.

Gladis Deble


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Do Mar




Do Mar

Na correnteza azul, água salgada
O corpo perde peso, transfigura-se.
Eu era uma sereia desenvolta
Cantava uma sonata distraída.

E a languidez do corpo liquefeito
mergulha numa onda de borbulhas.
Esta límpida essência tem memória
rastreando a humana energia. 

O afeto escondido nas conchas
resume minha alma em poesia.
As areias do tempo a passar
carregam mistérios do fundo do mar.

Gladis Deble

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Pombo-correio




Pombo-correio

Contornos ciliares da floresta
abrigam aves diversas.
E os galhos rebatidos
que não vês
formam ecos de pios
em minhas costas ...

A saudade improvisa um código
minha mão na janela
sabe que você veio ...
E esse barco encalhado
num banco de areia
e os portos devastados,
estagnados na névoa
das cidades.

Sopram ventos na praia
sons de búzios,
madeiras de naufrágio,
garrafas quase cheias.
Um rumor de asa
pressagia meu seio...
Cai a tarde e tu chegas;
Pombo-correio.

Gladis Deble


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